O
PODER DO RELACIONAMENTO
O
ser humano tem à sua disposição um grande poder, muitas vezes usado de forma
errônea e equivocada, colocando o que poderia ser usado a seu favor de forma
contrária a seus projetos de bem estar, equilíbrio e felicidade. Estou falando do poder de relacionamento que
todos nós temos e, por isso, vamos refletir um pouco como usamos essa
capacidade no decorrer de nossa vida.
A célula fundamental de desenvolvimento e crescimento
da sociedade é a família, o principio da constituição dessa célula se inicia,
basicamente, com um relacionamento entre uma moça e um rapaz (namoro). No momento da união celebrada em cerimônia
(casamento), fecha-se normalmente o compromisso de amar e respeitar um ao outro
até o fim dos dias. Porém, comumente, tão logo inicia o período de vida a dois,
começam também quadros de desentendimentos de ordens diversas o que, mesmo
causando percalços, permitem o prosseguimento da união em um ambiente
frequentemente conturbado. Normalmente esses quadros ocorrem pela falta de
observação dos limites de respeito e compreensão mútua, por questões puramente
culturais, o homem se acha em posição de
comando expressando seu machismo e impondo regras de submissão à mulher, que
por sua vez não aceita, e quando aceita encontra um quadro de angústia, pois as
promessas do cerimonial não se cumprem. Com
o prosseguir da vida e a continuação do relacionamento a dois surgem os filhos,
esses normalmente espíritos afins com as vibrações vividas pelo casal, que vem
para o seio familiar com necessidades diversas no tocante ao desenvolvimento da
moralidade e intelectualidade , ficando muitas vezes sedentos por encontrarem
um ambiente propicio ao desenvolvimento. Geralmente devido à falta de harmonia
dentro do lar, não conseguem satisfazer suas necessidades e inicia-se então um
novo ciclo de dificuldades em virtude do complexo mundo do relacionamento,
desta vez entre pais e filhos. É pai que não entende a rebeldia do filho, é
filho que não tolera a pouca capacidade intelectual dos pais. Os
desentendimentos são tantos que falta o básico para uma boa convivência, em
muitos casos filhos querem sair de casa precocemente apenas para se livrar da
influência dos pais. Esse mesmo filho que não soube administrar os conflitos gerados
no ambiente perturbado da família, necessariamente precisa seguir o seu caminho
e terá que passar pela ordem natural do desenvolvimento, encontrando na sua
trajetória, por exemplo, a escola onde poderá desenvolver bem todos os recursos
necessários ao seu crescimento, porém, dentro deste ambiente encontraremos
também as mesmas dificuldades de relacionamento entre educador e educando pela
falta de responsabilidade e compromisso do educando e o despreparo do educador
em conviver com tal realidade. Essas pendências provenientes do mau relacionamento vão
prosseguindo vida afora, dentro das instituições sociais, religiosas e
políticas, implicando em diversos problemas que encontramos na comunidade. Mais
tarde aquele que é filho, foi aluno, participará das instituições de sua
comunidade onde encontrará outros desafios. Surgem as necessidades de pagar das
despesas, de suprir os desejos e a do trabalho, onde terá que relacionar com
companheiros e administrar a relação patrão-empregado. Após ganhar
independência financeira, novas expectativas aparecem, como a possibilidade de
encontrar uma parceira, começar namoro e constituir sua própria família, fechando
o ciclo de relacionamento, reiniciando todo o processo.
Nesse percurso o homem erra muito, trilhando vários caminhos
tortuosos onde poderá encontrar a angustia, a infelicidade e muitas vezes a dor.
Isso tudo poderia e pode ser diferente, acertar e viver em completa harmonia,
bem estar e felicidade é uma questão de atitude. Porém, há falta de
entendimento, compreensão e uso dos ensinamentos do evangelho em busca do auto conhecimento
e auto entendimento. Muitos mesmo dizendo serem seguidores do cristianismo e
fazendo leitura dos ensinamentos de Jesus, colocam tais ensinamentos no quadro
de mera utopia não procurando formas de vivenciar o aprendizado.
Com relação a este assunto do qual estamos falando
Jesus nos traz as seguintes orientações, conforme evangelho de Mateus cap 22 v
34 a 40: Ele estava a discutir com os saduceus e fizeram-no calar. Os fariseus,
vendo isso, para lhe tentar, interrogam-no: Mestre qual é o grande mandamento na
lei? Quando este os responde: Amareis o senhor teu Deus de todo teu coração e
toda tua alma, eis o 1º e maior mandamento e o 2º semelhante a este amareis o
teu próximo como a ti mesmo. Ai está contido toda a lei e os profetas. observem que a dificuldade já começa por aí,
pois, se não estamos conseguindo relacionar bem com o nosso próximo imagine
amar esse próximo.
Em outro momento de conversas com seus discípulos Jesus
conta a seguinte parábola: certo rei decide fazer contas (acertos) com seus servos e um desses
servos lhe devia 10.000 talentos (dinheiro) o rei exige o pagamento, quando o homem
lhe diz não ter recursos para quitar o débito, o rei por sua vez ordena que
esse venda sua mulher, filhos e tudo mais para pagar o que deve. O servo,
vendo-se em situação difícil se coloca de joelhos de frente ao rei pede
compreensão e por misericórdia mais um tempo para que pudesse quitar sua
dívida, o rei condoído com a realidade deste, perdoa-lhe a dívida. Ao sair,
esse mesmo servo se encontra com um conservo que lhe devia 100 talentos (dinheiro) e pressiona para que este
lhe pague ao mesmo tempo em que este lhe roga perdão, pois não tinha recursos
para saldar sua dívida. O primeiro (servo) não o perdoou e o entregou para os
carrascos, deixando-o na prisão até que pagasse sua dívida. Sabendo
do ocorrido o rei mandou convidar o servo e disse-lhe: - Servo malvado,
perdoei-te toda aquela dívida pois me suplicaste, não devias tu, igualmente,
ter compaixão de teu companheiro? E indignado, seu senhor entrega-o aos
atormentadores, até que pagasse tudo que devia. Com isso, conclui Jesus: Assim
também vos fará meu pai celestial, se do
coração não perdoardes a cada um de seus irmãos às suas ofensas. (Mateus cap 18
– 23,35)
Observem
que normalmente queremos de nossos companheiros de jornada uma postura
diferente da que oferecemos. Isso dificulta muito a relação humana criando
diversos problemas no decorrer de nossos dias. Nunca é tarde para refletir e
fazer as mudanças essenciais em nosso comportamento que certamente proporcionarão
vida melhor a todos.
Michelangelo
, artista italiano mundialmente conhecido devido a beleza de suas obras, certa
vez fora interpelado por um admirador,
“como você consegue extrair de uma pedra escultura tão bela? E este responde que a escultura já se
encontrava na pedra ele apenas aparava as arestas para aparecer a obra. Assim somos nós, todos temos um anjo em nosso
interior, falta apenas aparar as arestas para sentir o brilho deste anjo.
Geraldo Novembro/2012